Resenha - Andarilhos - R. Tavares

Pedro Guarany e João Fôia protagonizam esse enredo que se passa nas andanças pelos Pampas do Rio Grande do Sul.

Pedro Guarany começa bem cedo sua vida de viajante no lombo de seu cavalo, ainda com quinze anos de idade precisou partir do rancho onde morava com seus pais, ganha seu dia a dia domando cavalos arredios com uma estratégia quase mística. Conhece muitas pessoas pois assim como seu coração, não tem parada.

João Fôia ganhou esse apelido junto como uma cicatriz que demarca a cegueira de um olho, encontra com Pedro Guarany no bolicho de seu Geraldo, em pouco tempo ganham a simpatia e retribuem o sentimento do velho dono da venda.

Se separam por um momento, para por acaso se encontrarem novamente quando um francês que estava escrevendo um livro sobre o Sul do Brasil contrata o serviço de João para guiá-lo na busca dos "tigres" que, segundo notícia, se escondiam nos rincões dos Pampas.

João convence Pedro de acompanhá-los nessa missão perigosa, seguem viagem os três andarilhos descobrindo pelo caminho o encanto das pessoas, o brilho reconfortante da amizade e a surpresa de uma reviravolta bastante interessante.

A escrita de R. Tavares é cativante, com muitas expressões regionalistas, talvez cause estranheza ao leitor no primeiro momento, porém, a riqueza dos detalhes e a verdade empregada em cada construção de seus personagens é capaz de prender a atenção até o fim.

Li em ebook pelo Kindle e a diagramação é confortável, a revisão foi bem feita, visto que não me lembro de erros ortográficos ou algo assim.

A literatura nacional ganha muito com a apresentação de R. Tavares, mesmo quem não conhece as pradarias do Rio Grande do Sul consegue visualizar o ambiente tão peculiar dessa região do Brasil. A descrição do pano de fundo é nítida e acompanha muito bem os conflitos dos personagens, assim como a linguagem do gaúcho que fora influenciada pelo castellano e que pode ser verificada em outras grandes obras que retratam o Rio Grande do Sul de outrora.