Resenha - Dias Perfeitos - Raphael Montes
"Há alguma loucura no amor. Mas também há sempre alguma razão na loucura."
Friedrich Niestzsche
Téo é um estudante de medicina que não tem amigos e mora com sua mãe cadeirante, a única "pessoa" com quem ele tem um contato mais intimista na faculdade é Gertrudes, um cadáver da sala de anatomia humana, disciplina com a qual Téo se identifica muito. Quando Téo resolve ir a um churrasco com sua mãe conhece Clarice e acaba obcecado pela jovem alegre e livre.
A narrativa de Raphael Montes é bem escrita, detalha com muita originalidade a personalidade e anseios de Téo, o jovem toma uma sequência de caminhos que chocam, o autor brinca o tempo inteiro com o leitor quando levanta apenas alguma ponta do véu que envolve a construção da personalidade de Clarice, a trama aperta o coração e revira o estômago, por muitas vezes me senti dentro do livro, presa e algemada.
Infelizmente vi um buraco imenso na narrativa sob o ponto de vista de Clarice e na nitidez dos detalhes de sentimentos da personagem, diferentemente de como foi feito com Téo, o autor muitas vezes, fez parecer que com que a perspectiva de Clarice parecesse limitada, esse peso sobre a narrativa se dá pois como foi feita em terceira pessoa, sente-se falta de uma análise mais panorâmica dos fatos, talvez funcionasse perfeitamente se o autor optasse por contar a estória em primeira pessoa, apenas sob a óptica do Téo.
Senti algo muito próximo do asco por tudo que estava ali, me conectei com a personagem de Clarice e consegui sentir um desprezo pelo Téo, porém criei grande expectativa com relação ao desfecho pois acreditava que houvesse uma recompensa maior.
P.S.: Quero ler algo mais de Raphael Montes, com outra atmosfera e voltarei para deixar minha opinião.
Nota: 3/5